Sobre a Morte, os Amigos e a Família

 Eros e Thanatos estão de mãos dadas. Já "rezavam" os gregos clássicos. E é muito atual esta ideia. Os amigos são a família escolhida. Mas só para alguns. Nem sempre nós somos a família escolhid,a pelos amigos que participam da família que nós escolhemos. Demasiado retórico? Tanto como em vez de ir para longe tipo o Zimbabué, ir ali para Estarreja. Ou mesmo para Pondicherry. Tal como a família, também a família "amigos" nos pode matar se nos tornamos dependentes dessa vibração. E, desenganem-se, nunca deixamos de vibrar pela família-família, sobretudo nas situações de perigo em que possa estar. Pelo menos comigo sempre foi assim. Acalmou um pouco. É verdade. Mas foi sempre uma espécie de continuidade com o cordão umbilical perdido por corte que talvez me tenha conduzido a vibrar tanto em defesa das mulheres da família.

Ora, como sempre, tudo muda. Até a surda muda. E tudo passa. Até a uva passa. Vai daí fiquei sempre hooked on friends. E nunca precisei de sentir retorno. Sentia, e era tudo.

Mas estes impulsos e pulsões de Eros (vida) são recorrentemente intercalados com pulsões e impulsos de Thanatos (morte). Muitas vezes em amigos, muitas vezes em família, muitas vezes em nós e nas ideias.

Então, celebrar a vida, também pode ser celebrar a morte uma vez que, a primeira, é só o tempo que dura entre a vinda e a ida. 

Daí a importância dos amigos de Alex, de Lawrence Kasdan (1983).

E daí a grande fraude do cinema. O cinema alimenta realidades que são tudo menos realidades. Pelo menos as minhas. Tal como há vários teatros, também há várias realidades. As do cinema só existiram para mim até à idade dos 50 anos. Depois disso passei a perceber que as minhas realidades só existem para mim. Tal como o cinema. Um filme bom é aquele que leva cada um de nós a uma "viagem" pessoal. Ora, isso transforma o cinema numa das mais belas fraudes de realidades. E, gosto tanto dessa fraude, que aderi a ela com todo o gosto. As imagens em movimento têm uma magia que falta ao mundo, tal como a música.

Deus devia ser DJ para além de realizador e/ou encenador.

Se fosse assim, talvez não tivesses partido por vontade própria. Ou será que sim? Hã? Luís Aleluia.

E cá estamos... como os amigos de Alex... com a tua partida prematura.

Bem hajas e até breve,


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O que muda, o que se transforma e o que se cumpre!

 A maior mudança que acontece e é incontornável é a nossa morte. E dessa, temos a sensação de ter medo. Mas do que temos mais medo é da vida...