É uma coisa curiosa. Este ano curioso, mãe, de todas as situações limite, mas não de extremo, tem sido uma espécie de "não-sei-quê".
A minha vida não é minha. As minhas dores não me pertencem. E, no entanto, sou eu mesmo quem pensa nelas. E não outro. Nenhum "outro" poderia pensar, de modo tão afetuoso e intenso, na minha condição de ser ambíguo e escorregadio. Nem sequer tu, minha mãe, terás tido a possibilidade de, um dia, um momento, vislumbrar que eu sou nada se não estou em função. Um dia, quando acordei, arrepiei-me porque o tempo tinha passado num ápice. Quer dizer, tu, minha mãe tinhas-me avisado. Não diretamente mas ao cantarolares o "Ó tempo, volta p'ra trás".
Dizem que as mães nos ensinam tudo. É verdade. Mesmo quando eu tinha de fazer a sesta contigo e não gostava de dormir à tarde, tu estavas a ensinar-me que a vida precisa de um intervalo. Mas eu nunca percebi isso. Sempre achei as sestas uma perda de tempo.
Um dia comecei a sentir que não pertencia ali, nem a lugar nenhum, e o teatro e a dança tomaram conta de mim. Mas o cantar era o mais importante. Ainda hoje.
Sem teatro, dança e canto, não existo. Estou sem rumo. O problema é que isso vai terminar, mais dia menos dia, e eu vou ficar ainda mais sem rumo do que o sem rumo que me fez ligar à Arte!
Obrigado mãe
Desculpa mãe!
A minha vida não é minha. As minhas dores não me pertencem. E, no entanto, sou eu mesmo quem pensa nelas. E não outro. Nenhum "outro" poderia pensar, de modo tão afetuoso e intenso, na minha condição de ser ambíguo e escorregadio. Nem sequer tu, minha mãe, terás tido a possibilidade de, um dia, um momento, vislumbrar que eu sou nada se não estou em função. Um dia, quando acordei, arrepiei-me porque o tempo tinha passado num ápice. Quer dizer, tu, minha mãe tinhas-me avisado. Não diretamente mas ao cantarolares o "Ó tempo, volta p'ra trás".
Dizem que as mães nos ensinam tudo. É verdade. Mesmo quando eu tinha de fazer a sesta contigo e não gostava de dormir à tarde, tu estavas a ensinar-me que a vida precisa de um intervalo. Mas eu nunca percebi isso. Sempre achei as sestas uma perda de tempo.
Um dia comecei a sentir que não pertencia ali, nem a lugar nenhum, e o teatro e a dança tomaram conta de mim. Mas o cantar era o mais importante. Ainda hoje.
Sem teatro, dança e canto, não existo. Estou sem rumo. O problema é que isso vai terminar, mais dia menos dia, e eu vou ficar ainda mais sem rumo do que o sem rumo que me fez ligar à Arte!
Obrigado mãe
Desculpa mãe!
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