O Gorro Amarelo

 O Gorro Amarelo

Era uma vez um gorro amarelo que voou desde o Canadá até Portugal para aquecer a cabeça de um cantor careca, no frio. Os meses traziam frio a mais e o gorro decidiu que, era a sua boa ação de toda a vida, aquecer a cabeça de um cantor careca contra milhas trocáveis por belos voos no paradisíaco Éden. A sua parceira, chamada Amazon, tratou de tudo, e ele lá assentou na cabeça do cantor careca. Um dia, o cantor ia a andar muito bem nas ruas da grande capital cheia de luz, de seu nome Lisboa e de origem Olissipo, por parte da mãe, e Olissipo (igual) por parte do pai, e, heis senão quando, o gorro é levado, de modo incontornavelmente associável a um rapto, pelo vento louco que se fazia sentir. Certo dia, o cantor foi ver um espetáculo de um ator que, no seu 50º aniversário, decidira dar um jantar "cedio" (por oposição a tardio) no qual presenteava os presentes (ehhhehehe, que belo pleonasmo) com um strip tease cómico. Ao som de um tema de jazz de New Orleans, chamado Vai e não voltes, o ator começou a dançar. Só que tinha sido arrojado e tinha posto balões insuflados na zona das mamas, das nádegas e da protuberância habitualmente conhecida como pénis, mas que podemos referir como "mala". Enquanto dançava com os lábios pintados de vermelho e um bigode digno do Tom of Finland, o ator começou por, no compasso 56, espetar um alfinete na mama direita.  Bum, ouviu-se. De seguida outro alfinete (ele não gostava de usar sempre o mesmo material) na mama esquerda. Bum, ouviu-se de novo antes de a mama esvaziar como tinha acontecido com a extrema direita (mama, bem entendido). Mais uns 56 compassos e novo alfinete na nádega direita. Bum seguido de fssshhh, porque a nádega esvaziava. Mais outros 6 compassos (porque tem de haver um certo ritmo) e bum na nádega esquerda seguido de fssshhh. Mais 56 compassos e, quando chegou a vez da bela protuberância cheia de vigor e insuflada que estava na zona "mala", ouviu-se um bum mas o que se seguiu foi muito diferente. A braguilha abriu e dela, com sons pop up pop, saiu um esplendoroso gorro amarelo, que era o que aumentava a bendita "mala" por baixo do balão. O cantor careca saltou para o pequeno palco, ajoelhou-se e arrancou o gorro amarelo da braguilha do ator, sentindo-se renascer uma vez que estava de novo em continuidade com o seu quente gorro amarelo. E o gorro amarelo sorriu, sem ninguém perceber, porque tinha tido muitas saudades daquela careca redonda!

Bruno Schiappa, maio de 2023



 

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