A tristeza impõe-se sem comandarmos!

 Hoje regresso à melancolia que torna os dias menos brilhantes. Tenho na sala um pequeno quadro que diz "days are only as grey as you allow them to be". É algo que eu gostava de acreditar e comandar. Mas a tristeza chega de mansinho e cola-se à parede da alma. Depois de, durante alguns monentos, me render a ela, lá inspiro e decido levantar-me e tentar respirar em modo tai chi, que domino. Mas ela tenta levar a melhor e lembrar-me o pesadelo desta manhã, em que o meu querido cão foi atropelado e ficou esmagado apenas no corpo e a cabeça e o rabo tremiam. A tristeza sabe que eu sou freudiano e por isso o pesadelo tem um sabor mais amargo.

Mas, mesmo assim, agarro-me à ideia do quadro e ao meu amor pelo Liubóv  e penso "não me vais vencer com esse golpe baixo".



Fumar pode matar!

 

FUMAR PODE MATAR 




 

 

            Era uma vez um cachorrinho muito peludo, todo preto e com olhos azuis. Tinha nascido há um mês e sentia-se inadaptado no meio dos irmãos e da mãe.

            Do outro lado dos ares, do rio e do mar, uma criança num corpo de homem cumpria os seus deveres e responsabilidades para com a mãe que estava a deixar o planeta terra para rumar a outras paragens.

            A criança no corpo de homem não percebia porquê que a mãe queria partir e deixá-lo inadaptado no meio do resto das pessoas.

            Do outro lado, o cachorrinho mamava pouco. Apenas o essencial para se manter vivo e à espera que alguma coisa boa acontecesse. Se havia alguma coisa que ele sabia que não queria era ficar sozinho. Era assim que se sentia sempre que os irmãos lhe roubavam o lugar na teta predileta. Ele desistia logo porque não lhe apetecia lutar com os irmãos e afastava-se porque a mãe manifestava um desapego para com ele que o fazia sentir-se desistente.

            A criança no corpo de homem comia cada vez menos e as suas refeições eram à base dos seus receios e por isso sentia fome com aquilo que o alimentava. Isto, claro, do tal outro lado. O oposto ao do cachorrinho.

            Chegou então o dia em que a mãe da criança no corpo de homem partiu para sempre. Rumando sabe-se lá para onde. A criança no corpo de homem, mais uma vez, mesmo sem perceber porquê que a mãe o deixava assim, cumpriu os seus deveres e as suas responsabilidades no último adeus à mãe.

            No meio do último adeus, uma fada disse à criança no corpo de homem que do outro lado, o oposto àquele, havia três cachorrinhos que procuravam um amigo. A criança no corpo de homem, como se sentia sozinha e a precisar de um amigo, respondeu à fada que iria com ela por esses ares para cativar um dos cachorrinhos. Isto 19 dias depois de o cachorrinho ter vindo ao mundo.

            Combinaram tudo e a fada, com as suas teias de fio mágico, foi buscar a criança no corpo de homem no dia acertado e levou-a por ares e rio e mar até que pousaram numa terra macia onde um mago com um sorriso aberto os recebeu conduzindo-os de imediato ao sítio onde estavam os cachorrinhos que precisavam de um amigo. Isto 30 dias depois de o cachorrinho ter nascido

            A cinco metros do sítio onde os três cachorrinhos mamavam, um deles, o tal de olhos azuis e muito pêlo todo preto, soltou de imediato a teta da mãe, sem que nenhum dos irmãos lha tirasse como era habitual, e dirigiu-se à criança no corpo de homem cheirando-lhe os pés e olhando para ela nos olhos.

            O mago e a fada disseram em coro, “ele quer que sejas tu o seu amigo”.

            A criança no corpo de homem selou o acordo de imediato e a fada trouxe os dois de regresso depois de terem partilhado um bom lanche com o mago. Era a primeira vez ao fim de muito tempo em que a criança no corpo de homem comia sabendo-lhe tudo muito bem. E sabendo tudo a comida. Não a receios.

            A fada, percebeu que eles precisavam de ficar sozinhos para se conhecerem e foi rápida nas despedidas seguindo para tratar de outros assuntos mágicos.

            Durante as primeiras semanas, a descoberta entre ambos foi um misto de êxtase e ferida.

            Um dia, a criança no corpo de homem, sem saber porquê, talvez por ainda não ter percebido as razões da partida da mãe, o que a deixava impaciente, bateu forte no cachorrinho quando ele não obedeceu. O cachorrinho ganiu com tristeza. Como se pedisse: não me faças isto.

            A criança no corpo de homem cresceu de repente com aquele pedido. Assustou-se consigo e jurou amar sempre e nunca abandonar o cahorrinho.

            Durante os primeiros anos, a criança que já era homem sentia remorsos de um dia ter feito aquilo mas o cachorrinho, que crescera depressa, sentindo-o triste enquanto homem, olhava-o nos olhos e lambia-lhe as mãos dizendo que o tinha posto à prova para ver se podia contar mesmo com ele para sempre e que já lhe tinha perdoado a agressão. A criança no corpo de homem que já era mais homem no corpo da criança no corpo de homem suspirava e acalmava mas no fundo continuava a sentir um profundo remorso.

            Ao fim de seis anos, a criança no corpo de homem já homem no corpo da criança no corpo de homem, que não podia passar meio-dia sem o cachorrinho que agora era um belo e desenvolto cão, percebeu finalmente porquê que a mãe tinha partido naquela altura. Se ela tivesse ficado, a fada não teria dito nada à – então – criança no corpo de homem e nem ele – agora homem no corpo de homem mas com a alegria de uma criança – nem o cachorrinho tinham encontrado o seu melhor amigo, e ainda hoje se sentiriam inadaptados e, ainda pior, assombrados por isso.

            O homem no corpo de homem tinha dado ao cachorro o nom e de Sombra, quando ainda era uma criança no corpo de homem e, o cachorro, um belo cachorro. Porque o cachorro seguia-o para todo o lado.

            Mas um dia, alguma coisa voltou a estar errada. O homem acordou. Virou-se languidamente na cama agarrando a almofada como se esta o pudesse salvar da realidade. O tecido fresco dava-lhe conforto. Como se fosse uma ponte para o útero materno, do qual não se lembrava mas que, sabia-o agora, tinha sido o último lugar seguro onde tinha estado.

            Depois ergueu a cabeça. Olhou em volta e reparou no cinzeiro com cigarrilhas que fumava há quatro anos. Ao lado delas, as tampas de algumas cervejas ainda estavam por deitar fora. Alguma coisa tinha perdido o encanto e a vida já não lhe parecia passível de ser descrita como um conto de fadas.

            Decidiu levantar-se mas foi derrubado pelo seu companheiro Sombra. O cão que lhe alimentava a alma e a pele com o entusiasmo com que sempre o acolhia.

            O homem olhou para o prato do Sombra e achou melhor enchê-lo com patê de pato. O favorito de Sombra.

            Depois arrastou-se para a casa de banho e lavou a cara e os dentes. Vestiu-se. Não lhe apeteceu tomar banho.

            Arrumou as poucas coisas que eram suas e saíram os dois da casa. Uma casa que os tinha acolhido nos últimos cinco dias. Uma casa acolhedora e mais viva do que ele, o homem, se sentia.

            Sombra correu satisfeito por o sol o brindar com luz e entre arbustos e marcações de território lá chegaram ao carro.

            Puseram-se a caminho.

            A única paragem foi para um rápido café e algum combustível.

            Já afastados da cidade, no meio da estrada, o homem acendeu uma cigarrilha.

Enquanto trauteava uma canção antiga, bateu sem querer na cigarrilha no canto da boca que caiu para cima da roupa e sobressaltou o homem.

Entre os gestos rápidos para apanhar a cigarrilha que rolava para outro lado do assento, o homem perdeu o controlo do volante, embatendo na berma da estrada.

Ao capotar, o carro deu duas voltas inteiras e, quando ficou de novo na posição normal, o vidro da frente estava partido e o homem curvado sobre ele, com as órbitas espetadas nos bicos dos estilhaços.

Não respirava. Não se mexia. Uma cor vermelha corria pelo pescoço como se de um riacho de vida se tratasse.

Os vidros das janelas iam abertos de modo que Sombra saiu do carro pela janela da direita. Estava ileso. Sacudiu-se.

Ficou sentado na estrada, à espera que o homem se erguesse. Nada. Nem um movimento.

Uma brisa mais forte fez o maço quase vazio voar pela janela. Caiu ao lado de Sombra com o dizer: Fumar Pode Matar.


Bruno Schiappa - 2010

O Autoclismo - escrito em 1995


O AUTOCLISMO

 

            Pedro Couto tinha nascido, tanto quanto se lembrava do que lhe tinham contado, numa madrugada de outono. Rodeado por aquilo que, segundo alguns, estava na origem do raio de vida que ele construía. Muito antes de se lembrar de sair de casa da mãe, já tinha saído. Tinha saído sempre. Sempre que faltava o pão, que faltava a luz ou que não davam novela.

            O mais estranho é que, de vez em quando, tinha uma necessidade incrível de regressar àquela casa pequena e cheio de berros e exaltação.

Tinha um grande sentido do dever, que questionava constantemente, e isso obrigava-o a gostar de regressar á casa materna.

Quando a porta se abria já estava irritado. O que o chateava bastante pois estava em profunda contradição com a imensa alegria que tinha sentido na rua, pela ideia. Pela ideia de ver as caras familiares cheias de sorrisos, por sua vez, de o reverem.

Pedro Couto não desistia. “Há de ser normal lembrar-me do antes de e não gostar do durante e sentir-me muito aliviado com o depois de”, pensava. E lá continuava com o seu dia-a-dia que considerava normal mesmo quando não era bem assim. Tentava. Queria. Mesmo quando acordava e ia com o cigarro apagado para a cozinha, aquecia o café (no qual se esquecia de pôr o açúcar) e ia para a retrete fumar, pensava: “ Há de ser normal, de manhã, uma pessoa esquecer-se de acabar as coisas e depois já não conseguir abandonar a preguiça instalada para as acabar”.

Reparava nestas coisas entre caretas de café amargo e passeios da língua pelo cigarro apagado.

            Pedro Couto preferia a ideia de estar a ir á ideia de chegar. Adorava estar a  fazer coisas em vez de adorar as coisas que tinha feito.

            Por vezes saía sozinho e deleitava-se a comer uns camarões grandes e gordos, sozinhos, no meio de canecas de cerveja, sozinhas, numa qualquer cervejaria. É que Pedro Couto pertencia àquele género de pessoas que tenta satisfazer os seus apetites de momento e não programar os apetites de amanhã. “Há de ser normal” pensava “não querer incomodar os outros com telefonemas e sugestões de última hora, invadindo a sua privacidade”.

            Ao longo do tempo Pedro Couto tinha adquirido uma enorme capacidade de independência. As coisas tinham o seu tempo. Não corria. Levantava-se às horas que pudesse. A não ser que tivesse de ir ao médico. O que significava levantar-se antes disso.

            Ia acordando (o que lhe demorava sempre meia hora depois de se ter levantado) com cafés, cigarros e, algumas vezes, música. Ia tomar café forte à rua, comprava o jornal e lia os anúncios e quatro ou cinco notícias mais macabras sobre mortes “incrivelmente dramáticas”. Não se preocupava com a política. Escrevia umas coisas que editava. O que lhe dava algum “dinheirito” (como lhe chamava, estabelecendo assim a diferença).

            Adorava sexo. Dava-lhe tanta importância que lha retirava, uma vez que não considerava que fosse possível, neste mundo, ele ter a importância merecida.

            Era muito romântico. Isso era. O que também não tinha importância nenhuma neste mundo. Adorava a ideia de romantismo. Quando tinha tempo e disposição lá se masturbava “Há de ser normal uma pessoa masturbar-se” pensava “porque não está para estar à procura de sexo sem mais nada. E ninguém se pode ligar a ninguém só porque fodeu com alguém. Não é romântico”.

            Assim era, normalmente, a vida normal de Pedro Couto, que já tinha estado duas ou três vezes profundamente apaixonado por duas ou três pessoas “ideais” e “lindíssimas de espírito” que rapidamente tinham passado à “neurose e psicose profundas” e à “maior verruga espiritual sem qualquer possibilidade de ser institucionalizada por mais ditador e demente que fosse o Estado que a recolhesse”.

            Assim era, normalmente, a vida normal de Pedro Couto, que já tinha mudado duas ou três vezes de casa, para duas ou três zonas “giras, com vista e sossegadas”, que rapidamente se tinham transformado em “podres de velhas, antro de selvajaria e refúgio de coscuvilheiras”.

            Pedro Couto decidiu, assim, de repente, mudar de casa. Tomar café noutro café. Ver outras pessoas. Continuar sem saber o nome dos vizinhos. Não ter de receber telefonemas dos “amigos” durante o tempo em que eles não estivessem habituados ao novo número, enfim... “Há de ser normal uma pessoa querer isolar-se e tranquilizar-se de vez em quando” pensava.

            Um dia, Pedro Couto mudou-se. Ia a passar por um bairro pequeno, com algumas árvores, e viu uns quadrados brancos no último andar (3º) de um prédio. Fez perguntas ao porteiro que tinha um ar muito pouco animado e lhe respondeu com “sins” e “nãos” até ter de fazer o esforço de dizer “sessenta e cinco mil escudos por mês”. Pedro Couto mudou-se ao fim de uma semana. A casa era uma ampla assoalhada, com muita luz, um forno antigo e uma casa de banho. Pedro Couto entrou na casa de banho que sentia pela primeira vez como sua e decidiu que era o seu sítio favorito. Olhou à volta. A banheira não era suficientemente grande para os seus banhos de imersão a seguir a uma escrita mais intensa. Tornou a olhar e fixou-se no autoclismo. Sentou-se na retrete e fumou um cigarro. Continuou a olhar para o autoclismo. Era um daqueles que ficam pendurados na parede e têm uma corrente que se puxa. Apagou o cigarro na retrete e puxou o autoclismo. Nada. Puxou abanando três vezes seguidas. Nada. Puxou outra vez. Nada. “Caralho” pensou. Apanhou a beata da retrete e deitou-a no lixo. Dirigiu-se para a janela. Olhou para baixo. Nada. Olhou em frente. Nada. Dirigiu-se à porta na esperança de ouvir um barulho de vizinhos. Colou o ouvido à porta. Nada. “É calmo o sítio” pensou. Decidiu ir à rua comer qualquer coisa e conhecer melhor a zona. Abriu a porta. Um barulho imediato ocorreu na casa de banho. Um barulho de descarga de água. Correu para a mesma e sim, era a descarga do autoclismo. “Bonito” disse. Saiu. Carregou no interruptor da escada. Não havia luz. Acendeu o isqueiro. Chegou à rua. Um bêbedo fumava um cigarro e falava sozinho. Uma mulher falava sozinha. Tudo normal. Olhou para o fundo da rua e reparou numa luz ténue de uma porta. Caminhou. Era uma pequena tasca. Entrou. Sentou-se. Pediu uma sopa de feijão, meia dose de frango frito com batatas fritas muito bem fritas, um jarro de vinho tinto da casa e pão com azeitonas. Foi à casa de banho lavar as mãos. A primeira coisa que lhe saltou à vista foi o autoclismo. Era um daqueles pendurados na parede com uma corrente que se puxa. Puxou. Imediatamente uma descarga de água encheu a casa de banho de som. Suspirou de alívio. Voltou para a mesa e pegou num bloco onde escrevinhou umas ideias enquanto comia a sopa. Finda esta, voltou-se para as azeitonas. Depois de dançar com o garfo na tentativa de agarrar uma, optou pelas mãos. Depois foi a vez do frango e do pão. Durante o festim ia regando o copo com o vinho.

            Satisfeito voltou a casa. Quando abriu a porta ficou uns momentos a ouvir o silêncio. Era uma novidade ainda, aquela ampla assoalhada. Dirigiu-se à casa de banho e puxou o autoclismo. Nada. Puxou três vezes seguidas. Nada. Puxou outra vez. Nada. “Foda-se” exclamou. Pôs música e sentou-se para calmamente fumar um cigarro. Levou os dedos ao bolso, automaticamente, para executar o ritual de todas as noites. “Caralho” exclamou, ao verificar que não tinha cigarros. “Tenho de voltar á tasca” pensou. Dirigiu-se para a porta. Abriu-a. Um barulho imediato ocorreu na casa de banho. Um barulho de descarga de água. Correu para a mesma e sim, era a descarga do autoclismo. “Bonito” disse. Saiu. Carregou no interruptor da escada. Não havia luz. “Caralho para esta merda” disse. Acendeu o isqueiro. Chegou á rua. Um bêbedo fumava um cigarro e falava sozinho. Uma mulher falava sozinha. Tudo normal. Dirigiu-se á tasca, comprou cigarros e voltou para casa. Sentou-se na cadeira e gozou o cigarro. “Há de ser normal uma pessoa ter contrariedades nos primeiros dias de casa nova” pensou.

Deixou-se levar por estes pensamentos enquanto olhava para o fumo que se contornava e deformava até se esvair, tal como as pessoas. Decidiu experimentar mais uma vez o autoclismo. Puxou. Nada. Puxou outra vez. Nada. Deixou-se cair na tampa da retrete.

De repente os olhos de Pedro Couto brilharam e um sorriso alucinado vislumbrou-se-lhe nos lábios arroxeados do vinho tinto da casa da tasca. Correu para a porta. Abriu-a. Um barulho imediato ocorreu na casa de banho. Um barulho de descarga de água. Correu para a mesma e sim, era a descarga do autoclismo. Correu para o telefone. Marcou um número com uma gargalhada descontrolada. “Mãe” gritou com uma gargalhada descontrolada “Mãe, o autoclismo só funciona se eu abrir a porta... se eu sair...” e continuou numa gargalhada descontrolada. Rodopiou com a gargalhada extasiante. A janela da varanda estava aberta. Pedro Couto embateu contra a janela e pensou: “Do mal o menos, podia ter caído”. E continuou a rir, a rir, a rir. Até que se sentiu zonzo. Deixou de sentir as pernas. Caiu redondo no chão. Sentiu um líquido a cair pela nuca. Levou os dedos à nuca e sentiu um orifício no qual cabia o seu dedo todo. Afinal a janela não o tinha salvado. Não se ouvia ninguém no prédio. Pedro nem se conseguia arrastar para abrir a porta e poder ouvir, pela última vez, o som do autoclismo.

Bruno Schiappa - 1995


O homem sem boca, a realidade, o real e a coisa

Quando escrevi o texto sobre o homem sem boca, sabia exatamente que estava a escrever metáfora e parábola. Mas hoje sinto que estava a escrever a minha perceção de algumas realidades. O real, é uma leitura e a realidade é o que é característico dessa leitura. O referencial de cada um permite a coexistência de várias realidades enquanto, o real, é apenas o factual mas obedece à lei da perspetiva. Dito de outro modo, existe a coisa, não nominável de outro modo porque ainda não está inserida numa referência. A partir do momento em que o esteja, passa a ser parte do referencial da psicopatologia da vida quotidiana.

E, lá está, o homem sem boca é uma realidade de um real de uma coisa!

O que muda, o que se transforma e o que se cumpre!

 A maior mudança que acontece e é incontornável é a nossa morte. E dessa, temos a sensação de ter medo. Mas do que temos mais medo é da vida...